domingo, 11 de fevereiro de 2018

Micro-empresário, um herói no Brasil dos descalabros

“O micro-empresário é, acima de tudo, um forte!”

Texto: José Boas

Embora o Estado – da União às prefeituras – viva gritando aos quatro ventos que apoia e quer o desenvolvimento das micro e pequenas empresas brasileiras, a realidade está muito longe de ser esta.

Em primeiro lugar, estes heróis que sustentam a empregabilidade no Brasil só são lembrados em tempos de corridas às urnas (sejamos honestos quanto a isto!); em segundo lugar, se eles fossem verdadeiramente valorizados, sua carga tributária seria menor, o acesso a insumos e programas de crédito seriam mais acessíveis e a circulação de mercadorias (que facilitariam em muito a produção) seria facilitada... mas vejamos nossa realidade:

O Estado paternalista acostumou-se a tirar de quem produz para sustentar seus programas populistas e eleitoreiros... a sociedade custeia, os políticos lucram

A maioria dos nossos empreendedores não consegue fazer sua empresas sobreviver mais do que dois anos, pois os valores cobrados apenas para custear a burocracia e a aquisição dos bens de produção já são tão altos que seu capital de giro – que poderia até ser considerável – se torna uma fumaça no meio de um incêndio; outro problema é que nosso sistema tributário – embora viva dizendo o contrário – não diferencia o pequeno do grande, confundindo o pequeno padeiro do interior com a grande rede de supermercados espalhada pelas capitais; além disso, fora a hipocrisia governamental, o Estado quer determinar até quantos empregados o micro-empresário pode ter em seu quadro para ser considerado “micro” e receber os “benefícios do Estado” (como o SIMPLES, por exemplo)... convenhamos, haja desfaçatez!

O tamanho do Estado determina o tamanho da carga tributária para sustentá-lo... a grande pergunta é: o que este Estado, deste tamanho, faz por quem o sustenta? Ele vale tudo isso?!

Peguemos o exemplo de Lucas Cardoso, dono da Padaria do Cerrado, em Lucas do Rio Verde-MT. Cardoso é um herói... acorda às 4h todos os dias, prepara sua padaria para atender seus clientes, deixa tudo organizado e limpo, atende bem, está sempre sorrindo... e paga a mesma taxa de importação do trigo, ICMS sobre equipamentos, Previdência para seus empregados, taxa de IPTU para o município.... tudo igual ao Carrefour, que tem lojas enormes nas principais capitais do Brasil, que pode comprar cargas fechadas de farinha de trigo, fermento, ovos, açúcar, sal...  negociar preços até 25% mais baixos que os praticados pelo mercado, manter estoques que os protegem de eventuais variações bruscas de alíquotas e preços... concorrência desleal? Segundo a Receita Federal e as Secreatarias de Fazenda dos estados... não! Ambos podem arcar com os mesmos custos, com as mesmas taxas, com as mesmas exigências burocráticas, mesmo vivendo realidades tão diferentes.

Eis o porquê de eu começar este texto parafraseando Euclydes da Cunha, o grande jornalista e topógrafo, autor de "Os Sertões" ... "o micro-empresário é, acima de tudo, um forte!".

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não é só nossa carne que é fraca...

Por: José Boas E foi deflagrada mais uma tentativa de vencer a corrupção no Brasil! Foi deflagrada mais uma vez... para que nosso sis...