“O micro-empresário é, acima de tudo, um forte!”
Texto: José Boas
Embora o Estado – da União às prefeituras – viva gritando
aos quatro ventos que apoia e quer o desenvolvimento das micro e pequenas
empresas brasileiras, a realidade está muito longe de ser esta.
Em primeiro lugar, estes heróis que sustentam a
empregabilidade no Brasil só são lembrados em tempos de corridas às urnas
(sejamos honestos quanto a isto!); em segundo lugar, se eles fossem
verdadeiramente valorizados, sua carga tributária seria menor, o acesso a
insumos e programas de crédito seriam mais acessíveis e a circulação de
mercadorias (que facilitariam em muito a produção) seria facilitada... mas
vejamos nossa realidade:
O Estado paternalista acostumou-se a tirar de quem produz para sustentar seus programas populistas e eleitoreiros... a sociedade custeia, os políticos lucram |
A maioria dos nossos empreendedores não consegue fazer sua
empresas sobreviver mais do que dois anos, pois os valores cobrados apenas para
custear a burocracia e a aquisição dos bens de produção já são tão altos que
seu capital de giro – que poderia até ser considerável – se torna uma fumaça no
meio de um incêndio; outro problema é que nosso sistema tributário – embora viva
dizendo o contrário – não diferencia o pequeno do grande, confundindo o pequeno
padeiro do interior com a grande rede de supermercados espalhada pelas capitais;
além disso, fora a hipocrisia governamental, o Estado quer determinar até
quantos empregados o micro-empresário pode ter em seu quadro para ser
considerado “micro” e receber os “benefícios
do Estado” (como o SIMPLES, por exemplo)... convenhamos, haja desfaçatez!
O tamanho do Estado determina o tamanho da carga tributária para sustentá-lo... a grande pergunta é: o que este Estado, deste tamanho, faz por quem o sustenta? Ele vale tudo isso?! |
Peguemos o exemplo de Lucas Cardoso, dono da Padaria do
Cerrado, em Lucas do Rio Verde-MT. Cardoso é um herói... acorda às 4h todos os
dias, prepara sua padaria para atender seus clientes, deixa tudo organizado e
limpo, atende bem, está sempre sorrindo... e paga a mesma taxa de importação do
trigo, ICMS sobre equipamentos, Previdência para seus empregados, taxa de IPTU
para o município.... tudo igual ao Carrefour, que tem lojas enormes nas
principais capitais do Brasil, que pode comprar cargas fechadas de farinha de
trigo, fermento, ovos, açúcar, sal...
negociar preços até 25% mais baixos que os praticados pelo mercado,
manter estoques que os protegem de eventuais variações bruscas de alíquotas e
preços... concorrência desleal? Segundo a Receita Federal e as Secreatarias de
Fazenda dos estados... não! Ambos podem arcar com os mesmos custos, com as
mesmas taxas, com as mesmas exigências burocráticas, mesmo vivendo realidades
tão diferentes.
Eis o porquê de eu começar este texto parafraseando Euclydes da Cunha, o grande jornalista e topógrafo, autor de "Os Sertões" ... "o micro-empresário é, acima de tudo, um forte!".
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