Ao falarmos de privatizações, muitos torcem o nariz, acham que estamos falando algum tipo de palavrão... mas que bicho-papão é esse e a quem ele atacaria?
Por: José Boas
O
Brasil passou um largo período de sua história republicana estatizando tudo o
que fosse possível! Do período Vargas até o final do período militar (e aí se
vão 55 anos de nossa História), estatais brotavam do chão como que por milagre,
bastava um canetaço vindo do Catete ou do Planalto e, voilà!. Se tinha potencial econômico, meu amigo, podia ter certeza...
lá estava o Estado:
Quer
comprar um trator? Compre um CBT; Precisa
de um caminhão? Que tal um “cara-chata” da FNM
(se pronunciava Fênêmê – assim mesmo, com todos os “ee” fechados); Está atrás de uma casa? O BNH resolve seu problema com prestações a perder de vista (e saldo
devedor impagável); À procura de ferro para a sua indústria? Disk-CSN!; A despensa da casa está
precisando ser reposta? Cobal nela! Está
longe da namorada e quer fazer uma ligação? O Sistema Telebrás resolve o seu problema! Quer mandar uma carta para a tia
Gertrudes lá em Três Arroios-RS? Os Correios
estão aí para te servir...
Sindicalistas, políticos e sindicalistas que sonhavam em se tornar políticos... eis a fina flor dos que sempre defenderam a existência das estatais |
...
e assim fomos nos acostumando a ver o Estado como um ser acima da economia, da
sociedade e do nosso próprio poder de escolha. O Estado era total, estava em
nossas vidas, quiséssemos ou não; detinha o poder de emitir moeda e de
arrecadá-la no dia seguinte com seus tentáculos econômicos pulverizados por
todos os cantos do país. Todos reclamavam dos serviços prestados pelo Estado,
mas recorriam a ele como um quebra-galho (era
ineficiente, mas ao menos estava ali, dizíamos)... e fomo-nos acostumando aos
“quebra-galho” das estatais ou à
simples imposição, quando delas era o monopólio sobre determinada exploração ou
serviço: Telebrás, Petrobrás, Vale do Rio Doce... e por aí vai.
Cabide de emprego: experiência profissional nos municípios, nos estados e no governo federal |
Com
as estatais logo surgiram duas classes que se acostumaram demais à sua
existência e às facilidades que elas geravam para, digamos, “se ganhar a vida”: a primeira classe era
a dos políticos, que viam nas estatais um mundo sem fim de cargos comissionados
prontos para serem ofertados a correligionários e usados como moeda de troca em
período eleitoral (qualificação para o
posto pretendido era outro departamento!); a segunda classe sempre foi mais
barulhenta e atende pelo nome de sindicato... líderes sindicais ganharam a vida
sem nunca terem prestado um dia sequer de real serviço à sociedade no ramo
econômico ao qual dizia pertencer (um
deles se tornou presidente da república, lembremos), mas fizeram muitas
greves, muitos piquetes, muitos comícios... muito, muito barulho em busca de “direitos”
aos seus representados (tudo, logica e
devidamente, custeado pelo bolso do contribuinte).
Naturalmente
que, vendo o Brasil ficar para trás em muitos quesitos, algumas pessoas começaram
a ver as estatais como um empecilho ao verdadeiro crescimento econômico.
Começamos a exigir privatizações! E daí, voltando ao começo de nossa conversa,
surgiram aqueles que viam as privatizações como um bicho-papão, “entrega do patrimônio nacional”, “venda do que é do povo”, “destruição daquilo que é mais genuinamente
brasileiro!”... e baboseiras afins. Só que estes mesmos se esqueciam de dizer
que nada disso, nenhuma dessas empresas, NUNCA FOI do povo de fato, pois o povo
nada podia fazer para melhorar os serviços prestados, sugerir melhorias,
boicotar maus serviços... o povo podia agradecer o que lhe entregavam, mesmo
que de péssima qualidade.
Um cargo comissionado era como um presente ou uma outorga de poder que fortalecia tanto o que recebia quanto o que concedia... as estatais sempre foram um grande celeiro de cargos comissionados |
Todas as estatais estavam presas em teias que
envolviam políticos sedentos por poder e sindicalistas querendo se tornar
políticos sedentos por poder... note, leitor (a), que são sempre as mesmas
vozes, até hoje, a se levantar contra qualquer murmúrio sobre privatização de
alguma companhia: é um político há anos no poder, ligado a algum sindicato ou
Central Sindical, que por sai vez administra milhares ou milhões de reais em
imposto sindical de alguma empresa estatal...
...
deu para entender quem tem medo desse bichop-papão?!
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