quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

O Brasil das dicotomias (campo X cidade) nunca sairá da rabeira do progresso mundial

Texto: José Boas

Em artigo publicado recentemente pelo site da Confederação Nacional da Indústria – CNI, o presidente da entidade, Robson Braga de Andrade afirmou que o setor industrial é fundamental para a criação de postos de trabalho e qualificação da mão-de-obra.

Sem dizer nomes, Braga de Andrade disse que “um destacado membro da equipe econômica do atual governo afirmou que não é relevante se o Brasil exporta produtos manufaturados ou agrícolas”, criticando a postura do burocrata e lembrando que a indústria nacional representa 21% do PIB brasileiro, 55% de nossas exportações, 66% dos investimentos nacionais em pesquisa custeados pela iniciativa privada e mais de 30% do total de tributos arrecadados pelo Governo Federal.

Só nas mentes de quem não conhece a realidade produtiva do Brasil atual é que o espaço agro e o industrial estão separados! O Brasil não vive mais uma dicotomia "espaço urbano" X "espaço rural" ... isso só funciona nas cartilhas das escola da "tia" Marocas

De fato, a reclamação do presidente da CNI faz todo o sentido e é assustador – se for verdadeira a afirmação – de que um membro do alto escalão do governo tenha afirmado uma coisa dessas! Somente em mentes muito pequenas ainda há uma dicotomia entre o que é agro e o que é indústria, principalmente em um país com as potencialidades econômicas como as que tem o Brasil!

O Brasil precisa, de uma vez por todas, desenvolver mentes que escapem do pensamento típico do socialismo europeu do início do século XX: a dicotomia ou “chão-de-fábrica” ou “lavoura” (lembremo-nos do símbolo mais conhecido dos comunistas - uma foice e um martelo), e ingressar em uma realidade na qual todo o resto do mundo já está inserido ou busca a todo custo penetrar; isto é, não existe mais uma fronteira clara entre campo e cidade, roça e metrópole,  a charrete e o carrão...

O Chico Bento contemporâneo têm à sua disposição - e sabe manusear - todos os artifícios tecnológicos que a Mônia usa... e os usa para ganhar dinheiro!

Façamos um exercício de imaginação: pensemos em um sujeito completamente urbano, que nunca saiu de sua metrópole para nada (daqueles que acham que frango é aquela carne que cresce dentro do saco plástico da Sadia e leite é aquele líquido que vem dentro da caixinha Tetra Pak...) e façamo-lo visitar uma lavoura do Brasil atual. Eis o que ele encontrará em nossa “roça”: colheitadeiras e plantadeiras que são guiadas por GPS, tratores autônomos, drones fazendo todo tipo de tarefa (contando cabeças de gado, fazendo georreferenciamento, pulverizando plantações de todos os tipos, vigiando propriedades rurais contra bandoleiros), verá nosso “Chico Bento” contemporâneo sentado à sombra se sua goiabeira preferida enquanto verifica com seu corretor (que está em qualquer parte do mundo) via whatsapp, o melhor momento de vender sua safra para o mercado interno ou externo... Só na cabeça medíocre de quem olha para um Brasil “república velha” é que campo e cidade ainda caminham separados e não dependem um do outro!

Trator autônomo Case IH Magnum - pra quê tratorista, se o satélite faz o mesmo trabalho?
A indústria chegou ao campo e ambos são praticamente a mesma coisa!

Quando eu era menino – lá pelos meus 16 anos de idade – e saí do interior de Mato Grosso para ir estudar em Brasília-DF, me deparei com uma figura engraçada: um filhote de “aspone de carreira” (Aspone = Assessor de Porra Nenhuma) lá da Esplanada dos Ministérios se achando “rico” porque seu pai havia comprado um carro de R$ 200 mil (valores atuais); pensei com meus botões, então... se esse Zé Ruelas se acha “rico” por ter um carro nesse valor, o que são os agricultores que eu conheço que compram colheitadeiras de R$ 1,5 milhão e aviões pulverizadores de R$ 3 milhões?

O Brasil só entrará no século XXI quando entender que determinadas dicotomias só são viáveis e aceitáveis nas cabeças e nas ideologias de quem não entende nada, absolutamente nada, de realidade!

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