“Ou o Brasil
acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil!”
Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853)
Policarpo Quaresma (Lima Barrteto)
Por: José Boas
Desde 2003 os sucessivos ministros que passaram pela pasta
da Agricultura em Brasília vêm alertando para a contínua diminuição da renda
dos nossos produtores rurais... só nos últimos cinco anos, algumas fontes afirmam, o campo perdeu cerca de 20% de sua renda global. O atual ministro da
Agricultura, Blairo Maggi, já fala que “um sinal amarelo está piscando para a
economia das lavouras”.
No começo elas aconteciam por causa das variações na cotação
do dólar: durante o plantio o dólar estava alto, e encarecia o preço dos
insumos; durante a colheita o dólar estava baixo, e a venda do que saía da
lavoura cobria os custos dos investimentos com alguma sobra que variava de
safra para safra. Mas conforme o tempo foi passando, os custos de produção
continuaram a variar sempre “para cima”,
os preços comerciais no exterior até que ajudavam, mas alguma coisa começou a
acontecer que jogou o produtor rural brasileiro – desde o pequeno até o grande –
em uma espiral de empobrecimento.
Qual foi esse mecanismo? Difícil descrever o quadro todo,
mas o Estado (daí coloque-se TODO o Estado no balaio – prefeituras, governos
estaduais, órgãos regionais, União...) é agente central nessa equação.
Sob a eterna desculpa de “ajudar o homem do campo”, estes entes passaram a comprar os
produtos e a viciar o mercado nisso: o pequeno produtor familiar vendendo sua
lavoura para a merenda escolar teve seu ganho regulado pelo bolso das prefeituras; o
grande produtor, vendendo excedentes para a CONAB e órgãos afins, teve
garantido um pequeno lucro em época de muita produção e preço baixo... mas aí é
que está! Com o tempo, estes preços mínimos do Estado acabaram por se tornar a
medida para todas as coisas - o mínimo virou o máximo, o preço máximo que o Estado estava disposto a pagar -, uma “garantia” burra e perigosa que submetia toda a cadeia produtiva a
um punhado de burocratas enfiados em escritórios muito longe da lavoura. A
partir daí, com o poder e a caneta dos governos na mão, quanto iria se pagar
pela cebola, pelo alho, pela batata, pelo soja, sorgo ou pelo milho... tudo recebia a
influência deles, que nunca plantaram um pé de alface sequer!
O mercado puro é perigoso? Sim, é! Mas ao menos ele é justo!
É a abundância e a escassez que regulam os preços... não uma medida artificial,
um cálculo “aproximado”, uma política
ou uma ideologia... mas a necessidade de se comprar e se vender! E isso vale
tanto para os mercados internos quanto para os externos. A fórmula é a mesma!
Empobrecido e sem nada para o futuro, resta ao agricultor vender tudo que lhe restou e ir para a cidade mendigar sub-empregos e salários de fome... É isso mesmo que desejamos? |
Mas o mais pernicioso não está na regulação dos preços por
quem nada tem a ver com a agropecuária! O mais nefasto viés disso tudo está na
cara de pau da maioria dos políticos em dizer que nada podem fazer quanto a
infra-estrutura e os gargalos (físicos, legais e tributários) que nossa
economia tem! Hoje nossa produção vive a reboque do caro e atrasado sistema
rodoviário, enquanto concorrentes como França, Alemanha, Estados Unidos e
tantos outros transportam beterrabas em barcos e trens, industrializam suco de
lichia e vendem para o resto do mundo com muita facilidade... sob uma carga
tributária que é mínima perto da nossa.
Show Safra em Lucas do Rio Verde-MT A 5a. maior economia de Mato Grosso vive e transpira agronegócio! O empobrecimento do campo significa a pobreza de 70 mil pessoas |
Parafraseando Policarpo Quaresma - o mais brasileiro dos brasileiros que não existiram - "ou o Brasil acaba com o paternalismo clepto-burocrático ou a clepto-burocracia paternalista acaba com o Brasil!"... nosso agronegócio representa 44% do PIB e, convenhamos, o Estado, com sua eterna e calculada ineficiência, está matando de fome a nossa falinha dos ovos de ouro!
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